Macumba

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sábado, 20 de outubro de 2018

Mito Predador


   Saga Predador face Brasil



Assim como Simpsons cravou imagens detalhistas sobre a administração do Imperador Trump, aconteceu algo equivalente entre a Saga Predador e o Brasil. No caso Simpson\Trump, entre outras previsões, houve antecipação com mais de 10 anos de eventos, inclusive com imagens idênticas. Já no Predador\Brasil houve uma representação mitológica entre a ideia de fundo da saga e o que estava movimentando o Brasil. Ou seja, o que mostrou o filme de 87, por exemplo, foi expressão artística do que rolava no inconsciente coletivo do brasileiro nesse período, como adiante se explica.

O Predador é um caçador, no melhor estilo “ladrão de alma” parábola encontrada nos mitos de considerável parte das culturas indígenas. A outra característica dele é o domínio de refinada e limpa tecnologia. Vale dizer, o Predador se aproxima da reunião do mais apurado estrategista militar EUA com a simbologia cultural de um índio brasileiro.

A distinção antropológica do Predador é de autêntico e completo guerreiro que reúne em si os poderes de cura e morte. Na saga ele se machuca e usa a tecnologia para se curar com soros, incisões e cauterizações. Já quanto ao domínio da morte ele carrega um dispositivo explosivo que aciona se ficar seriamente machucado. No primeiro filme, vale lembrar, ele se diverte quando dispara o contador, tipo alcancei meu resultado, mas você Arnold, ainda vai ter que se virar: Corra!

Superadas generalidades, analisando cada filme, em 1987, Predador introduz a ideia da “ladroagem institucional” no imaginário do telespectador, através de seu herói Arnold, notadamente quando a nativa sequestrada esclarece: eles já atacavam a tempos. No Brasil estávamos a beira da Constituição de 1988 em que os ladrões do congresso diziam salvariam o país.

A Analogia é sútil, porém perfeitamente ilustrativa da passagem de uma situação perturbante, o golpismo, dos porões do imaginário da nação para ser posicionado em sede de tribunas jurídicas. Ou seja, é a retirada da ladroagem dos bastidores da vida do brasileiro e sua inserção nas autoridades do direito, juízes e promotores. Isto porque, o golpismo brasileiro, latente desde 1889 com o banimento de D Pedro II foi elevado ao plano dos tribunais e advogados.

Quando a nativa esclarece “eles já atacavam a tempos” estamos diante do golpismo com o banimento de D Pedro II. Ainda que fosse questionável o império da corte portuguesa e por isso o povo quisesse retirá-lo do governo banir uma pessoa que dedicou sua vida a um governo sem corrupção ou medidas autoritárias é de uma ingratidão que irrita os “deuses”. Esse golpismo ficou latente no Brasil até 1988 quando foi travestido ao regime constitucional. A analogia é perfeita: eles já atacavam a tempo, mas a sociedade organizada ficava alheia ao principal, já agora o problema entrou na preocupação do Arnold simbolizando que o povo brasileiro teria que lidar com o golpismo instalado no meio jurídico e o pior e mais grotesco: a luz do dia...    

Nesse viés em que se fortalece algo perturbante, há que se constatar: a Constituição de 1988 é uma fraude pois vendida como salvação, mas na realidade é fruto do que os americanos chamam de stablishment, ou seja, projeto de “irmandade” de políticos e seus parceiros com o fim de se locupletarem de verbas e cargos públicos. Um verdadeiro bonde de saqueadores estacionado nos cofres públicos, no que depender deles ad eternum.

Vale registrar que a nativa deliciosa, uma atriz mexicana, foi sequestrada por um negro que não deveria estar ali pois era um militar mais ligado a escritório do que operações táticas. Vislumbra-se aqui uma analogia do que veio a ser Joaquim Barbosa ao esquema do Dirceu no Mensalão. Um negro autodidata em seu meio profissional, o judiciário, a sede do golpismo institucional brasileiro, não deveria estar no STF, assim como no filme não deveria ter ido a floresta. Depois, claro, o negro não poderia ficar com ela pois apesar de estar no lugar errado na hora errado, era razoavelmente íntegro, o que simboliza a aposentadoria precoce do Barbosa e sua prostração de concorrer a presidência. Ou seja, ele sequestrou o “brinquedo”, mas o perdeu antes que pudesse usá-lo. Trata-se, simbolicamente, do início abismático da investida de Dirceu como meio campo do projeto de apropriação institucional travado no foro de São Paulo, que visava sugar cargos públicos em proveito da “suruba” do stablishment.

Em suma, o negro tao importante na formação do país e respeitado até o banimento de Dom Pedro II se manifestou como última bolacha da honestidade no meio jurídico dominado pelo golpismo.

Por sua vez, o herói do filme, Arnold volta no helicóptero com ela.  Aqui temos o líder digno que mitologicamente enfrenta o dragão, o derrota, e ganha de “presente divino” a bela irresistível estrangeira. Não foi ele quem a sequestrou mas acabou por dádiva inesperada podendo usufruir da sua gostosura. Percebe-se um recado que é dado pelos cidadãos USA aos cidadãos brasileiros: Vossas Excelências não conseguem se organizar com um mínimo de decência desde 1889 e agora fizeram uma Constituição absurda completamente destrambelhada pois positiva o stablishment, situação parlamentar vergonhosa.

Vê se aqui a gravidade em que está a relação Brasil/EUA. Os americanos perderam o respeito a capacidade do brasileiro de se posicionar, tanto que se dão ao luxo de sequestrar uma deliciosa nativa e no final das contas ela adorar. Não é à toa que mulher brasileira é cobiçada no imaginário da maior parte dos americanos com uma belíssima piranha.

Curiosamente a selva do filme é na américa central. Claro, poderia ser Amazônia. A escolha de uma selva entre os dois países e não uma dentro do Brasil aparenta ser um aviso dos EUA ao brasil, do tipo: acordem, vocês estão indo por um caminho péssimo. No entanto, menos importa o que está no papel e sim o que vocês fazem concretamente. Porém, a mensagem principal é: se vocês não se endireitarem por si sós, serão nossos escravos, isso se prestarem a tanto.

Já a sequencia ocorreu em 1990, início do governo Collor, um coronel nordestino que não tem o menor cuidado pela diversidade racial do país. Apesar de D Pedro II ser imperador ele dignificou a formação étnica, todos tinham seu espaço, negros, índios, outros estrangeiros. Não havia qualquer coronelismo imperial, pelo contrário o imperador admitia até críticas ácidas. Desgraçadamente, o panorama do governo federal em 1990 é a fática constatação da insanidade institucional brasileira dando seguimento a fraude jurídica de 1988.

Daí, Predador 2, 1990, tem diálogos sensatos per si, porém olhando o enredo como um todo constata-se ambiente completamente decadente: guerra entre 2 gangues estrangeiras ambas voltadas pra violência e magia negra; um herói inconsistente, aloprado e surtado com seus chefes carreiristas. Uma agência de proteção alienígena com agentes um tanto malucos e despreparados. Aqui fica evidente não só o stablishment, mas pior ainda, uma cidade descrente sediando debates bonitos em teoria mas desprovidos de aterramento, ao contrário do piloto da saga com Arnold espelhando herói contextualizado. Collor foi bastante a referência, vivia com recados em camisas, carros velozes e estilo esportivo de ostentação, mas na prática um péssimo presidente. Nesse filme o herói parece estar resolvendo o problema, mas ele dificulta tudo pois precisa força a barra para ser o centro das atenções. Não é um herói natural como Arnold.

O significado do Predador 2 à realidade brasileira é de uma dissociação entre a dignidade do povo e o coronelismo que estava se instalando em Brasília. E, a escolha do herói negro surtado diante do caos em que vive num papel que nada tem a ver com cultura africana ou de afrodescendentes possui evidente motivo: desespero de quem está percebendo os acontecimentos. Certamente, muitos brasileiros estavam se sentindo deslocados de seu eixo de tranquilidade ante todos os tormentos do pior Coronelismo possível: aquele que toma veias públicas.

Depois veio a parceria com outra saga. Alien vs Predador lançado em 2004. Pontualmente, a chamada do filme é: “eles lutam mas nos perderemos de qualquer jeito”. É o que houve com a crise do mensalão. Bob achou que ia botar a esquerda na lenha, mas só conseguiu afastar Dirceu do governo. E, as duas questões mais importantes a pátria pioraram e muito.

Primeiro, a relação entre Lula e FHC. Antes das denúncias do Bob havia relacionamento sem medo entre eles, mas depois os dois passaram a se borrar, pois ambos foram os chefes dos mensalões em suas administrações, no SIVAN e na emenda da reeleição FHC fez como diria a Dilmanta, “ooo diabo”. E, Lula chefiando seus mensalões e petrolões também ficou com medo da influência do FHC e seus correligionários. Mas lamentavelmente ambos protegeram o “firafo” um do outro, principalmente através dos juízes de instâncias por eles escolhidos, ainda que eles tenham sido “traídos” por alguns.

Fica evidente, nessa esteira, o slogan do filme. Enquanto Lula culpava FHC na mídia, ambos lutavam juntos nos bastidores para escamotear os esquemas de desvios.

Em 2007 foi a sequencia Alien x Predador 2. O fim do filme são militares jogando uma bomba nuclear numa cidade infestada pelos aliens. O filme todo é tomado por um clima de religião decadente e vale eleger a cena mais grotesca até porque uma perversão absoluta.

Como é sabido, o predador no final de alguns dos filmes encontra o principal guerreiro, daí tira sua máscara, armas de alcance, para lutar mano a mano. Com Arnold foi um thriller fantástico, já aqui numa cena bizarra o predador tira sua máscara para enfrentar o mega parasita Alien. E, meus caros, isso foi a expressão da reeleição do Lula, alienado de seu mentor administrativo Dirceu, envolto por corrupção e mentira por tudo quanto era lado. E o pior, aquilo que mais sintetiza a temática desses dois episódios: corria o país fazendo comício para defender a luta de classes, dizendo ao povo pobre que tinham que se rebelar a seus patrões. Sniff!

Passo ao filme Os Predadores, 2010. Aqui diante do primeiro mandato da testa de ferro do petrolão, a ministra de Energia Dilma Roussef. Não é a toa que esse filme não faz o menor sentido... A presidência destina-se a servir ao povo, mas o que tínhamos era uma péssima administradora que só estava lá a dar seguimento a cobertura do petrolão e cia. Os Predadores(terceiro da trilogia simples) não tem inicio, meio ou fim. Não tem enredo, os personagens a todo tempo alternam atitudes como se estivessem em guerra uns com os outros. Era o perfil da Dilma, desconfiando de todos que lhe cercavam, enquanto tentava a todo momento se blindar de vestígios do esquema do petrolão; e claro esquecendo de administrar o país. Só sobrevivemos com unidade institucional a esse período porque parte da iniciativa privada resistiu a todas essas dificuldades com bravura extrema.

Como se vê, o “humor” do povo brasileiro esteve conectado com o humor da estória da saga no momento de cada filme, ou seja, o que mitologicamente foi retratado na película era o astral vivido no Brasil.

Por fim, o sexto filme da saga, lançado em setembro de 2018, em plena corrida eleitoral. Aqui um dos guerreiros do Arnold vira diretor, Shane Black. O filme começa com um Predador roubando dispositivo de defesa do próprio mundo deles e trazendo ao nosso planeta para nos ajudar.

A ideia antropológica da morte reside na saga vinculada a ideia mitológica do ladrão de almas, pois matar ou morrer é diferente de viver ou morrer. No primeiro caso temos que ter duas pessoas, já no segundo não. Transparece aqui a polarização entre guerreiros que se matam numa caçada livre e sem regras.

Outra ponderação válida é a luta monitorada. Uma caçada independente é bem diferente dos guerreiros, por exemplo, do Coliseu. Lá eles eram escravos e lutavam por alforria ou outras benesses. No mundo do predador matar ou morrer é expressão da própria vida, pois existiríamos, nessa perspectiva, para se deglutir reciprocamente, sendo esse fim em si mesmo natureza redentora da ladroagem do caçador somada a devoção máxima aos valores antropológicos.

Em suma, o Predador é um ladrão, pois tira a vida alheia, pouco importando se para alimento orgânico ou entretenimento; porém o faz respeitando a identidade do ser.  Até mesmo o embate com Alien confirma esse aspecto na medida que o enfrenta de igual para igual, mesmo sendo esse adversário um monstro parasitário que só vive em função de se espalhar reprodutivamente, sem outras tecnologias que lhe permitam estratégias profundas.

Nesse último filme começa-se ao mesmo estilo que o primeiro, selva, depois vai pra cidade. Aqui se explica a vivência profissional do Mito, pois foi militar e depois Deputado. Essa analogia demonstra a passagem entre tais dois mundos, pois como é notório o ambiente militar é diferente tanto objetiva quanto subjetivamente do parlamento, ao menos tem sido bastante assim no Brasil.

Segue-se o herói é questionado num interrogatório sobre o que ocorreu na selva. Impede levantar que em filosofia no livro “República” cuja autoria é dada ao grego Platão 400 anos antes do marco zero é defendido que militares só prestam a obedecer a ordens, pois não teriam capacidade intelectual. Já aos filósofos cabe liderar toda a nação pois teriam discernimento. Essa idéia só faz sentido numa sociedade escravista, porém no Brasil alguns “espertos” sugerem isso se puderem levar alguma vantagem. Em suma, dizer que militar é acéfalo é medida de quem quer ser “senhor” numa sociedade escravocrata. Certamente em nosso congresso o Mito deve ter sofrido muitos ataques não só por conta da degeneração moral do sistema eleitoral brasileiro, mas principalmente por ser culto e honesto o que por si só incomoda aos atores de sociedade degenerada.

Depois o herói foi taxado de louco para escamotear o contato Alien e encaminhado a hospício junto com outros militares taxados de loucos também para esconder algo que o governo não queria ver na mídia. Ele não chega ao hospício, tudo ocorre num ônibus, metáfora bastante específica a facada que o Mito levou o qual tinha a pretensão de tirá-lo dos braços do povo, mas o colocou em contato com outros guerreiros que assim como ele são fortes defensores da honestidade e amor a pátria, além de bem-humorados.

Depois constam algumas ações e a participação de uma professora como atriz principal. Por hora não está claro maiores explicações a isso, talvez seja a Joyce ou outra deputada culta que venha a prestar estrutural auxílio ao governo do Mito.

Com relação ao Predador Supremo que veio reaver a arma que o Predador ladrão trouxe é crítica à mídia e também ao judiciário ostentação, os quais estranham o Mito porque ele diz o que pensa. No filme, o Supremo por mais perigoso que seja fica um tanto perdido nas lutas, simbolizando a “bagunça” desses setores brasileiros. A mídia e o judiciário não gostam do Mito, mas não possuem meios ou alternativas a sabotá-lo diante de sua honestidade plena.

Por fim, o herói junto com seu filho desvendam a arma do mundo Predador e se dizem preparados para outras ameaças. Pela primeira vez, eventual episódio seguinte já receberá apoio do episódio antecedente. Esse singelo armamento explana que o Brasil deixou de ser uma colônia infantil, sem rumo ou com rumo dado por outras nações, para se transformar num país.

A cena final do filme já mostra um governo dinâmico, liderado por guerreiros autênticos sem preconceitos intelectuais ou de classe. E assim como no filme, o Mito governará com o auxílio de seus filhos...



THE END

18 do 10 de 2018



Essa peça é uma homenagem ao Mito, líder que guardou a decência do povo brasileiro desde as agruras da pseudo redemocratização até o resgate da dignidade nas eleições de 2018.

Créditos a Holywood por produzir uma saga mitológica em perfeito alinhamento temático temporal com o Brasil.



O autor é investidor empresarial e ainda concursado no cargo de delegado federal estando vinculado a PF do Rio de Janeiro. Especialista em psicologia analítica pela PUC-RJ, diplomado sob monografia em mitologia familiar.  

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