Macumba

Macumba

domingo, 19 de junho de 2011

Filosofia/mitologia.

O sonho é a fonte da relação de forças.

1.       Mitologia do sonho e da “realidade”.
2.       Autodeterminação.
3.       Esquecimento, segundo Nietzsche.
4.       Relação de forças, por Nietzsche.
5.       Conclusão.

1.       Mitologia do sonho e da “realidade”.

O sonho é expressão da psique e os limites desta definição permanecem desconhecidos à ciência moderna.
Na Grécia antiga, os sonhos eram considerados mensagens dos deuses.  A incubação, ou a prática de buscar sonhos significativos, dormindo em um lugar sagrado, era popular, especialmente em cultos.
Nesses cultos, líderes gregos tentavam decifrar os sonhos por várias razões, tais como buscar curas para doenças, prever o futuro, descobrir fatos ocultos ou mesmo a busca filosófica pelo autoconhecimento.
Após a Grécia antiga, os sonhos foram muito pouco debatidos na sociedade em razão do domínio do catolicismo que preferiu relegar esse estudo a um plano irrelevante.
O sonho somente voltou a tona científica com Freud e depois Jung, os quais abordaram os sonhos não como imagens sem sentido frutos de um momento irrelevante, mas como impulsos da psique humana. E, portanto, informação que pode ser abordada visando a melhoria de vida do homem em vários aspectos.
Por fim, Joseph Campbell, antropólogo especialista em mitologia que viveu no século passado fez uma singela definição:
“sonhos são mitos particulares”; e
“mitos são sonhos coletivos”.
E também disse que toda força do ser vém de sua própria psique, razão pela qual no sonho ele é capaz de prever o futuro, situação não possível na “realidade” porquanto nela existe a necessidade de contemporaneidade dos acontecimentos, instrumento pelo qual é possível que os seres interajam como iguais, no que chamamos de sociedade.
Em suma, mito é a idéia pela qual o ser vive.
Em geral, o mito mais presente na psique é o fim, ou seja a morte, mas ela irradia mais nas pessoas mais velhas; na infância o mito principal é o reconhecimento dos pais; na adolescência é a autoafirmação sexual; na fase adulta é a capacidade de influenciar as pessoas seja através de respeito ou medo.
Em movimento paralelo a esta predominância mitológica do mundo civilizado posso citar o hedonismo.
O hedonismo (do grego hedonê, "prazer", "vontade") é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana. Surgiu na Grécia, e importantes representantes foram Aristipo de Cirene e Epicuro. O hedonismo filosófico moderno procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas.
O significado do termo em linguagem comum, bastante diverso do significado original, surgiu no iluminismo e designa uma atitude de vida voltada para a busca egoísta de prazeres materiais. Com esse sentido, "hedonismo" é usado de maneira pejorativa, visto normalmente como sinal de decadência.
Aristipo de Cirene (ca. 435-335 a.C.), contemporâneo de Sócrates, é considerado o fundador do hedonismo filosófico. Ele distinguia dois estados da alma humana, o prazer (movimento suave do amor) e a dor (movimento áspero do amor). Segundo ele o prazer, independentemente da sua origem, tem sempre a mesma qualidade e o único caminho para a felicidade é a busca do prazer e a diminuição da dor. Ele afirma inclusive que o prazer corpóreo é o próprio sentido da vida.
Como se vê, para o hedonismo grego, há basicamente dois mitos, o prazer e a dor.
Já Joseph Campbell tem uma visão diferente, dizendo que a dor é a consequencia de falta de respeito com o corpo e o prazer é a consequencia do inverso. Ou seja, a dor e prazer não seriam buscas, como no hedonismo, mas consequencias de atos.
De qualquer forma, seja uma busca ou uma consequencia, em ambas as hipóteses a dor ou o prazer seriam sentimentos relacionado com algo fora do momento, e por certo mitos.
Por exemplo, o prazer do sexo é um caso emblemático, já que a fonte do prazer seria a posse do parceiro ou um simples prazer do toque?
No primeiro caso a força fraca é óbvia mediante a característica de reatividade; e no segundo seria a força forte? Talvez sim, mas nesse caso seria forçoso reconhecer que o prazer do parceiro é irrelevante e o sexo seria uma mera relação de domínio de um pelo outro, ainda que em uma situação ideal ou perfeita possamos visualizar uma espécie de domínio recíproco, ou seja, uma unidade de ações entre os parceiros tão harmônica que cada um possa se autosatisfazer mesmo ignorando o sentimento do outro.
Como mito que é o sexo podemos visualizar porque na Grécia antiga a homossexualidade era tão festejada, já que mulher era considerada um ser inferior, motivo pelo qual seria mais convidativo que um homem possuísse outro.
Aliás, o sexo é uma fonte mitológicamente tão forte quanto a morte.
Talvez a superação do hedonismo seja a presença absoluta canalizando a clarividência em um nível que o querer interno seja mais poderoso que os reflexos do próprio corpo, como o prazer.
Se isto já aconteceu contigo é porque você não é tão ingênuo quanto acredita. É que o cérebro não interpreta estímulos como contam para agente desde que nascemos, pelo contrário: é o nosso cérebro que os produz.
Você já se sentiu em um “beco sem saída”, ou seja, em algum momento de sua vida já ficou angustiado com algo e não soube como se livrar? Já reparou que quando isto acontece a solução é se esquecer que está num beco?!
E, como num passe de mágica a angústia vai embora e o labirinto se levanta... É que quando o cérebro é autorizado a superar alguma “realidade” que está em relação de forças com sua psique os limites desegradáveis simplesmente somem.
Enfim, quanto mais se luta contra o problema ou para achar uma saída para ele, mas existência ao problema se vitaliza!
Nossos sentidos são como uma bola em um jogo de futebol, ou seja, eles servem para nos deixar conectados com alguma “realidade” que acreditamos ter importância e em razão disto o envólucro da percepção sensorial é determinado no campo cerebral.
Todos os limites que temos são impostos em razão da satisfação da própria vontade. É como a fome. Se vc a tem é porque quer se apropriar de algo que lhe dará satisfação.
E, o mais “engraçado” é que a comida é o menos importante. O que mais importa é o ritual ou saciamento mitológico da fome, o qual nos é apresentado inicialmente pelo cordão umbilical, sendo esse nada mais que a exteriorização física de um ato de apropriação em um relacionamento vertical.
Servir ou ser servido não passa de um ato mitológico referente aos desejos da psique.
Por tudo isto que onde o querer interno domine, o mito de vida será a própria criação da realidade, algo típico da natureza divina presente em cada um de nós.


2.       Autodeterminação.

Nos moldes em que a filosofia plantonista descreveu existe um mundo sensível e um inteligível, sendo que o elo de ligação entre eles é o estudo da mitologia porquanto o mundo sensível envolve as sensações e a busca pela autodeterminação e o inteligível envolve as razões sistêmicas pelas quais as coisas acontecem; daí que através da delimitação do mito é possível entender, ao mesmo tempo, a razão dos atos humanos no mundo sensível e as razões dos acontecimentos do mundo inteligível.
Aqui vale clarear o que seja autodeterminação e sua implicação para as definições sobre força fraca e forte, nas lições de NIeztsche.
Para o ser que age com força fraca a autodeterminação envolve a capacidade que ele tem de se sobressair ou impor sua vontade perante seus iguais. Ou seja, a psique dele só se sente confortável quando está dominando elementos externos ao seu corpo. Esta seria uma força fraca porquanto o ser não consegue superar o mundo em que vive, ou seja, ele está aprisionado pelo ambiente e não se conhece.
Já para a força forte o ser também está aprisionado ao ambiente, mas ele é capaz de guiar sua vontade de forma ativa, ou seja, ele não está totalmente curvado aos limites do ambiente, mas está se autodeterminando internamente de uma forma tão poderosa que os limites do mundo são alterados pelos seus próprios limites. Portanto, não é uma mera força reativa, mas sim uma força ativa guiada pela intensa vontade de sinceridade e absoluto respeito a si mesmo.

3.       Esquecimento, segundo Nietzsche.

O único poder que o ser tem não é o de se auto afirmar perante terceiros, nem o de não envelhecer, nem o da riqueza, nem o do reconhecimento, nem o da memória absoluta, ou seja aquela que tudo se lembra, mas sim o de ser capaz de se esquecer porque a origem do corpo humano é o aprisionamento ou relacionamento vertical (ventre materno seguido da dependência maternal).
O ser humano que seja capaz de se esquecer estará além de qualquer carência/limite humano.
Como disse Niestzche, em a Genealogia da Moral: "Esquecer não é uma simples vis ineartiae (força inercial), como creem os superficiais, mas uma força inibidora ativa, positiva no mais rigoroso sentido, graças à qual o que é por nós experimentado, vivenciado, em nós acolhido, não penetra mais em nossa consciência ou assimilação psíquica.".
Como se vê, a fórmula da evolução/superação humana é muito simples: ser capaz de produzir psiquicamente uma força ativa tão forte quanto a força de submissão a “realidade” que se quer descartar.
Por exemplo, se você quer ser um pop star só para mostrar para a namorada que te largou o quanto virtuoso você é, poderá se “vender” para alguma gravadora ou nicho musical só para com isto atingir um status social alto que influencie ela a convergir com seu pensamento de que ela te merece.
Tudo isto seria uma confusão autocriada, pois o relacionamento amoroso não apresenta plenitude ou relevância quando gira em torno ou se mistura com aspectos sociais de reconhecimento.
A força inibidora ativa seria muito mais simples do que ter que planejamentos que envolvam terceiros ou status social, porquanto bastaria uma atividade psíquica do tipo eu valho mais do que a minha ex-namorada acha.
Quando alguém não só se preocupa em fazer bem uma coisa, mas visa ser o melhor para mostrar a sociedade, há aí algum aprisionamento, como de uma pessoa que pretender aparecer no guiness de mais rico do mundo. Tal desejo provavelmente revela alguma situação mal resolvida em relação ao pai, já que a vida profissional possui um mito intimamente ligado a autoridade, sendo esse aspecto próprio do mito paterno.
Por sua vez, as mulheres elas são uma expressão particular de mundo dos homens. Isso resta claro, no ventre materno onde é o primeiro habitat. Depois do nascimento o cordão umbilical é substituído pelo pênis e o ventre materno pela vagina.
Enfim, o texto não é sobre sexo, mas é bom saber que no útero só existe uma mulher, a mãe, o único mundo do homem; e após o nascimento as mulheres são as particularizações dos mundos dos homens, já que após nascidos os homens interagem com seus iguais.
Isto explica vários problemas psicológicos, já que quando a projeção que um homem faz de si mesmo sobre uma mulher se torna mais forte que a sua própria vontade isto pode não acabar bem.
De qualquer jeito, vale o ditado popular: vivem melhor com as mulheres os homens que sabem viver sem elas e vivem melhor as mulheres que sabem que não podem controlar o dono de um pênis.
É que o casamento pode assumir um aprisionamento tão poderoso quanto uma pseudo reafirmação da vida intrauterina, a qual está adormecida na mente de todos e se não for trabalhada através do esquecimento desembocará em limitações.

4.       Relação de forças, por Nietzsche.
Nietzsche foi o filósofo que deu nova forma a filosofia que reinou neste planeta desde Sócrates. Talvez um ou outro filósofo, como Spinoza, tenha avançado no legado da Grécia Antiga, mas foi Nietzsche quem remodelou a compreensão de mundo, a qual vigora até hoje na filosofia.
E, a relação de forças é esta nova visão de como o mundo efetivamente funciona para quem quer sentir em um campo mais autêntico do que a compreensão básica de “realidade” que os sentidos básicos oferecem.
Pela relação de forças tudo que existe está em constante tensão/conflito em razão de suas particularidades. Por exemplo, o planeta terra está em relação de forças direta com o sol; assim como uma pessoa está em relação de forças com todo que lhe cerca, parentes, amores, colegas de trabalho, vizinhos, enfim tudo que existe é corpo e todo corpo está em relação de força direta ou indireta, através da vários princípios didáticos: oposta ou convergente, potencializadora ou decadência, agregação ou dissolução.
Existe a força forte e a fraca, onde a fraca é típica de quem se auto-afirma através de alguma força reativa, ou seja, através de algum corpo externo, como um carro, ou seja, a pessoa constrói a sua identificação com a “realidade”, mediante comparação com seus iguais.
Já a força forte é ativa, ou seja, criadora. Para ela a superação da “realidade” é uma busca incessante através de um caminho em que a dependência de algo externo, e portanto, incontrolável é feita através do esquecimento do desprezível e do desnecessário em uma trilha onde a plenitude é uma constância e o querer interno é limitado somente pela própria capacidade de criação.
A força é fraca porque como sua orientação é guiada em função de reação ao ambiente, não haverá outro desemboque que não seja a decadência porquanto a força fraca/reativa só se manterá em vigor enquanto o corpo a que ela reage mantenha a intenção de reagir, como exemplo é o mentiroso que só se sustenta enquanto suas mentiras são aceitas em seu ambiente.
É que o mentiroso constrói sua psique em função de reconhecimento e nesta medida se torna dependente de quem lhe acredita. Então uma vez cessada a aceitação a decadência do mentiroso é iminente.
Não custa lembrar que quem carente é de reconhecimento está fadado a mentir, já que para saciar seu desejo deverá preencher os anseios em sua órbita os quais por certo não poderão ser atendidos somente com sinceridade.
Como se vê, a força fraca/reativa é limitada e previsível, já que seu final é certo: a decadência.
Lado outro, a força forte/ativa, enquanto atividade criadora e, portanto ilimitada é “imprevisível”, ao menos sob o aspecto de que a decadência não é sua única vala ou final, ou mais precisamente dizendo não é conhecido seu futuro.
A principal característica da força forte é a superação, atingida através da capacidade de interagir com o ambiente de forma que as limitações que o ser possui em função de seu passado de dependência sejam ultrapassadas a ponto de a criação tomar o ciclo da repetição.
Em suma, a força fraca tende a decadência certa, já a força forte pode levar a decadência ou a um novo horizonte desconhecido.
Outra característica da relação de força é o caos.
Caos é a concepção de que o mundo está em fluente mudança, através dos limites básicos da “realidade” pelos quais toda a existência perpassa para existir, quais sejam, o tempo/espaço.
Ocorre que o tempo/espaço não é exato nem dentro do nosso mundo, pois ele é moldado através da gravidade, a qual nada mais é do que a atração recíproca entre os corpos.
Como se vê, de exato nesse mundo talvez haja somente o caos, ou seja, a constante mudança da realidade, derivada da capacidade perceptiva humana.
Assim, o caos pode assumir duas características distintas, a da ordem, ou a falta dela.
No primeiro caso é a aceitação do determinismo, pelo qual a “realidade” é imutável, pois desde que o mundo começou já possuía a memória do final.
Neste caso, não haveria qualquer poder sobre o destino ou de mínima escolha, já que o futuro já estaria pronto, assim como o passado que já acontecido.
Na outra hipótese não haveria esta ordem, mas sim uma possibilidade de mudança pela qual a relação de forças seria constantemente remodelada de acordo com as alterações empreendidas pelas forças fortes/ativas.
De qualquer forma, me parece que esta distinção é meramente didática já que não faz diferença para quem está na relação de forças se seu futuro está definido ou não.
Vale reafirmar o que já dito, a única possibilidade de se livrar de um futuro certo e, portanto decadencial é através da eliminação do passado.
E, a única possibilidade de eliminar o passado é através do esquecimento.
Oportunamente, vale esclarecer que para a relação de forças não existe bem ou mal, certo ou errado, bonito ou feio, mas sim corpos que estão em relação de forças com outros corpos em razão de suas características específicas.
Em nível cósmico o que importa, ao menos de perceptível, é a densidade dos corpos, critério pelo qual a gravidade formata a “realidade”.
Em nível psíquico humano a “coisa” é mais complexa. Para a compreensão da relação de forças deve se abstrair, desde logo, padrões morais, como exemplo entre o estuprador e estuprada e assassino e assassinado.
É que a sociedade, em crimes, tende a taxar o ativo de mal e o passivo de vítima, para então nascer a força reativa, ou seja, punir o ativo/mal.
Ou em exemplo diferente abençoar o bem sucedido em contraste com o mal sucedido, tal no caso de um rico em relação ao pobre.
Tanto a benção quanto punição, ou suas intenções, seriam exteriorizações de forças reativas.
Para a relação de forças se houve um estupro ou um assassinato é porque os protagonistas carregavam em sua psique alguma característica(neste caso poderiam ser chamadas de opostos ante a violência) em que a relação de forças determinou o encontro ou atração.
Também outra forma de clara visualização da relação de forças é em comparações, pois se a psique perpassa/aceita uma qualidade que lhe é própria é porque está em relação de força com outro corpo, como na riqueza/ pobreza, ou comando/submissão.
Enfim, amizade, inimizade, amor, ódio são cartazes óbvios de relação de forças direta.
Já em uma relação de força indireta temos situações que envolvem o cotidiano do ser de maneira a contribuir ou atrapalhar intenções dele, como o trânsito.
Em suma, para Nietzsche tudo que existe, seja de natureza psíquica ou com massa, pode ser chamado de corpo; e todo corpo está em relação de força direta ou indireta com outro corpo.
5.       Conclusão

Ao contrário do legado do Nietzsche, me parece que o sonho não integra a relação de forças porque nele a criação da realidade é feita pelo próprio sonhador.
Então, o sonhador tem a liberdade para criar sem precisar respeitar qualquer outra força, sendo sua força “absoluta”.
Lado outro, a mitologia do sonho utiliza as mesmas vivências/mitos da “realidade”.
Daí parece surgir uma indagação: Qual é a origem dos mitos: o sonho ou a realidade?
Em outras palavras, o ser possui os mitos porque os conheceu no sonho ou na “realidade”?
Em suma, ou o ser sonha e quando acorda vivencia a “realidade” com os limites do sonho; ou os sonhos são limitados pelos contatos que o ser teve quando acordado?
Não há como conceber que no sonho haja o destacamento da “realidade” e vice-versa e ainda assim eles coexistam. Daí, por certo a limitação mitológica vém de um para outro.
Me parece que o sonho é quem define as relações de forças, sendo, assim, sua fonte, pelas seguintes razões:
·         nos sonhos o tempo e espaço são menos relevantes que na “realidade”;
·         no sonho o ser está mais intimo de sua própria essência (ante sua solidão) e portanto de seu querer. E, como o que trouxe o ser ao mundo foi o querer, o mesmo é a origem/sustento de tudo!
·         no sono REM, aquele em que há o sonho, a atividade cerebral é equivalente a de uma pessoa acordada e em intenso trabalho intelectual. Outra característica do sono REM é que a pessoa fica distante dos estímulos externos.
Se no sonho o cérebro humano está focalizado em trabalhar para seu dono e quando acordado seu foco se volta muito mais para o ambiente social, então claro é que se o gasto mental em ambas as situações é equivalente então o sonho é mais confiável que a “realidade”, já que o sonhador está absolutamente conectado com sua essência.
Enfim, à divindade caberia a capacidade de sonhar acordado, ou seja criar a realidade sem limitação do passado e consequentemente do futuro.
Fora disto, tudo significa paradoxos, ou seja “realidades” coexistentes determinadas pelo conflito entre os pensamentos do mundo, nada mais do que a relação de forças idealizada por Nietsche.
Pois bem, participar desse mecanismo de interação é como a parábola de se vender ao diabo, considerando que quem está nesse mundo é porque anuiu com suas regras, ou pelo menos chegou aqui por vontade própria.
E, idéia de mundo implica na concepção que a corrupção é a única solução, pois a autoafirmação é sempre compensada por algum desejo de superioridade frente aos iguais, ainda que esse desejo seja totalmente interno e sem qualquer coerência com a realidade.
Quanto a etimologia, a palavra corrupção serve à compreensão de uma ruptura com ordem estabelecida, uma vez que corruptus advém da aglutinação entre uma partícula de adesão “co” (ao mesmo tempo) e “ruptus” (romper, quebrar), indicando um antagonismo entre uma ordem estabelecida e uma conduta que a viole, a quebre, a desnature. .
Uma primeira conclusão advém daí: onde existe coletividade, pluralidade e divergência, provável e possivelmente existirá corrupção, pois essa nada mais é do que elemento integrante de um sistema social que comporta a diversidade.

Ou seja, quem faz juízo de valor entre um bem superior e um inferior é porque tentará se apropriar do bem superior através da corrupção.
Bem superior não implica em gosto ou opções pessoais, mas em hierarquia, como exemplo, a acepção da diversidade que gera a corrupção é aquela de quem prefere a primeira classe de uma avião do que a econòmica, ou de quem prefere uma roupa de marca porque garante mais status.
Por sua vez, opções pessoais são diversidades inocentes ou seja, sem diversidade egoísta, como preferência por cor, ou roupa ou carro, desde que seja pelo estilo desses últimos e não pelo valor de mercado ou status que possa oferecer.
Então, as palavras corrupção e criação, em sua etimologia, são equivalentes quando implicam em dizer algo novo, mas diferem no sentido de que a primeira implica em uma novidade dentro de um mesmo ambiente ou nicho social, enquanto criação implica em uma realidade desvinculada do antes.
Enfim leitor, se você concebe a diversidade é porque você é limitado e como tal poderá saciar a limitação através de dois caminhos a sua escolha, o da força fraca, ou seja, dominar os iguais(ou diferentes) através da corrupção;
ou então ser capaz de sonhar acordado através da habilidade de superar seu próprio passado, nos termos do esquecimento conforme lecionou Nietzsche..
No primeiro caso, leitor, você precisará de reconhecimento ou poder, ou seja depender que seus iguais acreditem no mesmo que você acredita ou que te obedeçam.
Já no segundo caso não precisará de nada, além de ser querer interno!
Meu caro leitor, você pode até não ter criado o mundo, mas se está aqui pode transformar a inveja que teve do criador, a qual te trouxe até aqui, para realizar sua plena autodeterminação!