Saga
Predador face Brasil
Assim como
Simpsons cravou imagens detalhistas sobre a administração do Imperador Trump,
aconteceu algo equivalente entre a Saga Predador e o Brasil. No caso Simpson\Trump,
entre outras previsões, houve antecipação com mais de 10 anos de eventos,
inclusive com imagens idênticas. Já no Predador\Brasil houve uma representação
mitológica entre a ideia de fundo da saga e o que estava movimentando o Brasil.
Ou seja, o que mostrou o filme de 87, por exemplo, foi expressão artística do
que rolava no inconsciente coletivo do brasileiro nesse período, como adiante
se explica.
O Predador é
um caçador, no melhor estilo “ladrão de alma” parábola encontrada nos mitos de considerável
parte das culturas indígenas. A outra característica dele é o domínio de
refinada e limpa tecnologia. Vale dizer, o Predador se aproxima da reunião do
mais apurado estrategista militar EUA com a simbologia cultural de um índio
brasileiro.
A distinção
antropológica do Predador é de autêntico e completo guerreiro que reúne em si
os poderes de cura e morte. Na saga ele se machuca e usa a tecnologia para se
curar com soros, incisões e cauterizações. Já quanto ao domínio da morte ele
carrega um dispositivo explosivo que aciona se ficar seriamente machucado. No
primeiro filme, vale lembrar, ele se diverte quando dispara o contador, tipo
alcancei meu resultado, mas você Arnold, ainda vai ter que se virar: Corra!
Superadas generalidades,
analisando cada filme, em 1987, Predador introduz a ideia da “ladroagem
institucional” no imaginário do telespectador, através de seu herói Arnold,
notadamente quando a nativa sequestrada esclarece: eles já atacavam a tempos.
No Brasil estávamos a beira da Constituição de 1988 em que os ladrões do
congresso diziam salvariam o país.
A Analogia é sútil,
porém perfeitamente ilustrativa da passagem de uma situação perturbante, o
golpismo, dos porões do imaginário da nação para ser posicionado em sede de
tribunas jurídicas. Ou seja, é a retirada da ladroagem dos bastidores da vida
do brasileiro e sua inserção nas autoridades do direito, juízes e promotores.
Isto porque, o golpismo brasileiro, latente desde 1889 com o banimento de D
Pedro II foi elevado ao plano dos tribunais e advogados.
Quando a nativa
esclarece “eles já atacavam a tempos” estamos diante do golpismo com o
banimento de D Pedro II. Ainda que fosse questionável o império da corte
portuguesa e por isso o povo quisesse retirá-lo do governo banir uma pessoa que
dedicou sua vida a um governo sem corrupção ou medidas autoritárias é de uma
ingratidão que irrita os “deuses”. Esse golpismo ficou latente no Brasil até
1988 quando foi travestido ao regime constitucional. A analogia é perfeita:
eles já atacavam a tempo, mas a sociedade organizada ficava alheia ao
principal, já agora o problema entrou na preocupação do Arnold simbolizando que
o povo brasileiro teria que lidar com o golpismo instalado no meio jurídico e o
pior e mais grotesco: a luz do dia...
Nesse viés em
que se fortalece algo perturbante, há que se constatar: a Constituição de 1988
é uma fraude pois vendida como salvação, mas na realidade é fruto do que os
americanos chamam de stablishment, ou seja, projeto de “irmandade” de políticos
e seus parceiros com o fim de se locupletarem de verbas e cargos públicos. Um
verdadeiro bonde de saqueadores estacionado nos cofres públicos, no que
depender deles ad eternum.
Vale registrar
que a nativa deliciosa, uma atriz mexicana, foi sequestrada por um negro que
não deveria estar ali pois era um militar mais ligado a escritório do que
operações táticas. Vislumbra-se aqui uma analogia do que veio a ser Joaquim
Barbosa ao esquema do Dirceu no Mensalão. Um negro autodidata em seu meio
profissional, o judiciário, a sede do golpismo institucional brasileiro, não
deveria estar no STF, assim como no filme não deveria ter ido a floresta.
Depois, claro, o negro não poderia ficar com ela pois apesar de estar no lugar
errado na hora errado, era razoavelmente íntegro, o que simboliza a aposentadoria
precoce do Barbosa e sua prostração de concorrer a presidência. Ou seja, ele
sequestrou o “brinquedo”, mas o perdeu antes que pudesse usá-lo. Trata-se, simbolicamente,
do início abismático da investida de Dirceu como meio campo do projeto de apropriação
institucional travado no foro de São Paulo, que visava sugar cargos públicos em
proveito da “suruba” do stablishment.
Em suma, o
negro tao importante na formação do país e respeitado até o banimento de Dom
Pedro II se manifestou como última bolacha da honestidade no meio jurídico
dominado pelo golpismo.
Por sua vez, o
herói do filme, Arnold volta no helicóptero com ela. Aqui temos o líder digno que mitologicamente
enfrenta o dragão, o derrota, e ganha de “presente divino” a bela irresistível
estrangeira. Não foi ele quem a sequestrou mas acabou por dádiva inesperada
podendo usufruir da sua gostosura. Percebe-se um recado que é dado pelos
cidadãos USA aos cidadãos brasileiros: Vossas Excelências não conseguem se
organizar com um mínimo de decência desde 1889 e agora fizeram uma Constituição
absurda completamente destrambelhada pois positiva o stablishment, situação parlamentar
vergonhosa.
Vê se aqui a
gravidade em que está a relação Brasil/EUA. Os americanos perderam o respeito a
capacidade do brasileiro de se posicionar, tanto que se dão ao luxo de
sequestrar uma deliciosa nativa e no final das contas ela adorar. Não é à toa
que mulher brasileira é cobiçada no imaginário da maior parte dos americanos
com uma belíssima piranha.
Curiosamente a
selva do filme é na américa central. Claro, poderia ser Amazônia. A escolha de
uma selva entre os dois países e não uma dentro do Brasil aparenta ser um aviso
dos EUA ao brasil, do tipo: acordem, vocês estão indo por um caminho péssimo.
No entanto, menos importa o que está no papel e sim o que vocês fazem
concretamente. Porém, a mensagem principal é: se vocês não se endireitarem por
si sós, serão nossos escravos, isso se prestarem a tanto.
Já a sequencia
ocorreu em 1990, início do governo Collor, um coronel nordestino que não tem o
menor cuidado pela diversidade racial do país. Apesar de D Pedro II ser
imperador ele dignificou a formação étnica, todos tinham seu espaço, negros,
índios, outros estrangeiros. Não havia qualquer coronelismo imperial, pelo
contrário o imperador admitia até críticas ácidas. Desgraçadamente, o panorama
do governo federal em 1990 é a fática constatação da insanidade institucional
brasileira dando seguimento a fraude jurídica de 1988.
Daí, Predador
2, 1990, tem diálogos sensatos per si, porém olhando o enredo como um todo constata-se
ambiente completamente decadente: guerra entre 2 gangues estrangeiras ambas voltadas
pra violência e magia negra; um herói inconsistente, aloprado e surtado com
seus chefes carreiristas. Uma agência de proteção alienígena com agentes um
tanto malucos e despreparados. Aqui fica evidente não só o stablishment, mas
pior ainda, uma cidade descrente sediando debates bonitos em teoria mas
desprovidos de aterramento, ao contrário do piloto da saga com Arnold
espelhando herói contextualizado. Collor foi bastante a referência, vivia com
recados em camisas, carros velozes e estilo esportivo de ostentação, mas na
prática um péssimo presidente. Nesse filme o herói parece estar resolvendo o
problema, mas ele dificulta tudo pois precisa força a barra para ser o centro
das atenções. Não é um herói natural como Arnold.
O significado
do Predador 2 à realidade brasileira é de uma dissociação entre a dignidade do
povo e o coronelismo que estava se instalando em Brasília. E, a escolha do
herói negro surtado diante do caos em que vive num papel que nada tem a ver com
cultura africana ou de afrodescendentes possui evidente motivo: desespero de
quem está percebendo os acontecimentos. Certamente, muitos brasileiros estavam
se sentindo deslocados de seu eixo de tranquilidade ante todos os tormentos do
pior Coronelismo possível: aquele que toma veias públicas.
Depois veio a
parceria com outra saga. Alien vs Predador lançado em 2004. Pontualmente, a chamada
do filme é: “eles lutam mas nos perderemos de qualquer jeito”. É o que houve
com a crise do mensalão. Bob achou que ia botar a esquerda na lenha, mas só
conseguiu afastar Dirceu do governo. E, as duas questões mais importantes a
pátria pioraram e muito.
Primeiro, a
relação entre Lula e FHC. Antes das denúncias do Bob havia relacionamento sem
medo entre eles, mas depois os dois passaram a se borrar, pois ambos foram os
chefes dos mensalões em suas administrações, no SIVAN e na emenda da reeleição
FHC fez como diria a Dilmanta, “ooo diabo”. E, Lula chefiando seus mensalões e
petrolões também ficou com medo da influência do FHC e seus correligionários.
Mas lamentavelmente ambos protegeram o “firafo” um do outro, principalmente
através dos juízes de instâncias por eles escolhidos, ainda que eles tenham
sido “traídos” por alguns.
Fica evidente,
nessa esteira, o slogan do filme. Enquanto Lula culpava FHC na mídia, ambos
lutavam juntos nos bastidores para escamotear os esquemas de desvios.
Em 2007 foi a
sequencia Alien x Predador 2. O fim do filme são militares jogando uma bomba
nuclear numa cidade infestada pelos aliens. O filme todo é tomado por um clima
de religião decadente e vale eleger a cena mais grotesca até porque uma perversão
absoluta.
Como é sabido,
o predador no final de alguns dos filmes encontra o principal guerreiro, daí
tira sua máscara, armas de alcance, para lutar mano a mano. Com Arnold foi um thriller
fantástico, já aqui numa cena bizarra o predador tira sua máscara para
enfrentar o mega parasita Alien. E, meus caros, isso foi a expressão da
reeleição do Lula, alienado de seu mentor administrativo Dirceu, envolto por
corrupção e mentira por tudo quanto era lado. E o pior, aquilo que mais
sintetiza a temática desses dois episódios: corria o país fazendo comício para
defender a luta de classes, dizendo ao povo pobre que tinham que se rebelar a
seus patrões. Sniff!
Passo ao filme
Os Predadores, 2010. Aqui diante do primeiro mandato da testa de ferro do petrolão,
a ministra de Energia Dilma Roussef. Não é a toa que esse filme não faz o menor
sentido... A presidência destina-se a servir ao povo, mas o que tínhamos era
uma péssima administradora que só estava lá a dar seguimento a cobertura do
petrolão e cia. Os Predadores(terceiro da trilogia simples) não tem inicio,
meio ou fim. Não tem enredo, os personagens a todo tempo alternam atitudes como
se estivessem em guerra uns com os outros. Era o perfil da Dilma, desconfiando
de todos que lhe cercavam, enquanto tentava a todo momento se blindar de
vestígios do esquema do petrolão; e claro esquecendo de administrar o país. Só
sobrevivemos com unidade institucional a esse período porque parte da
iniciativa privada resistiu a todas essas dificuldades com bravura extrema.
Como se vê, o
“humor” do povo brasileiro esteve conectado com o humor da estória da saga no
momento de cada filme, ou seja, o que mitologicamente foi retratado na película
era o astral vivido no Brasil.
Por fim, o
sexto filme da saga, lançado em setembro de 2018, em plena corrida eleitoral.
Aqui um dos guerreiros do Arnold vira diretor, Shane Black. O filme começa com
um Predador roubando dispositivo de defesa do próprio mundo deles e trazendo ao
nosso planeta para nos ajudar.
A ideia antropológica
da morte reside na saga vinculada a ideia mitológica do ladrão de almas, pois
matar ou morrer é diferente de viver ou morrer. No primeiro caso temos que ter
duas pessoas, já no segundo não. Transparece aqui a polarização entre
guerreiros que se matam numa caçada livre e sem regras.
Outra
ponderação válida é a luta monitorada. Uma caçada independente é bem diferente
dos guerreiros, por exemplo, do Coliseu. Lá eles eram escravos e lutavam por
alforria ou outras benesses. No mundo do predador matar ou morrer é expressão
da própria vida, pois existiríamos, nessa perspectiva, para se deglutir
reciprocamente, sendo esse fim em si mesmo natureza redentora da ladroagem do
caçador somada a devoção máxima aos valores antropológicos.
Em suma, o Predador
é um ladrão, pois tira a vida alheia, pouco importando se para alimento orgânico
ou entretenimento; porém o faz respeitando a identidade do ser. Até mesmo o embate com Alien confirma esse
aspecto na medida que o enfrenta de igual para igual, mesmo sendo esse
adversário um monstro parasitário que só vive em função de se espalhar
reprodutivamente, sem outras tecnologias que lhe permitam estratégias
profundas.
Nesse último
filme começa-se ao mesmo estilo que o primeiro, selva, depois vai pra cidade. Aqui
se explica a vivência profissional do Mito, pois foi militar e depois Deputado.
Essa analogia demonstra a passagem entre tais dois mundos, pois como é notório
o ambiente militar é diferente tanto objetiva quanto subjetivamente do
parlamento, ao menos tem sido bastante assim no Brasil.
Segue-se o
herói é questionado num interrogatório sobre o que ocorreu na selva. Impede levantar
que em filosofia no livro “República” cuja autoria é dada ao grego Platão 400
anos antes do marco zero é defendido que militares só prestam a obedecer a
ordens, pois não teriam capacidade intelectual. Já aos filósofos cabe liderar
toda a nação pois teriam discernimento. Essa idéia só faz sentido numa
sociedade escravista, porém no Brasil alguns “espertos” sugerem isso se puderem
levar alguma vantagem. Em suma, dizer que militar é acéfalo é medida de quem
quer ser “senhor” numa sociedade escravocrata. Certamente em nosso congresso o
Mito deve ter sofrido muitos ataques não só por conta da degeneração moral do
sistema eleitoral brasileiro, mas principalmente por ser culto e honesto o que
por si só incomoda aos atores de sociedade degenerada.
Depois o herói
foi taxado de louco para escamotear o contato Alien e encaminhado a hospício
junto com outros militares taxados de loucos também para esconder algo que o
governo não queria ver na mídia. Ele não chega ao hospício, tudo ocorre num
ônibus, metáfora bastante específica a facada que o Mito levou o qual tinha a
pretensão de tirá-lo dos braços do povo, mas o colocou em contato com outros
guerreiros que assim como ele são fortes defensores da honestidade e amor a pátria,
além de bem-humorados.
Depois constam
algumas ações e a participação de uma professora como atriz principal. Por hora
não está claro maiores explicações a isso, talvez seja a Joyce ou outra
deputada culta que venha a prestar estrutural auxílio ao governo do Mito.
Com relação ao
Predador Supremo que veio reaver a arma que o Predador ladrão trouxe é crítica à
mídia e também ao judiciário ostentação, os quais estranham o Mito porque ele
diz o que pensa. No filme, o Supremo por mais perigoso que seja fica um tanto
perdido nas lutas, simbolizando a “bagunça” desses setores brasileiros. A mídia
e o judiciário não gostam do Mito, mas não possuem meios ou alternativas a
sabotá-lo diante de sua honestidade plena.
Por fim, o
herói junto com seu filho desvendam a arma do mundo Predador e se dizem
preparados para outras ameaças. Pela primeira vez, eventual episódio seguinte
já receberá apoio do episódio antecedente. Esse singelo armamento explana que o
Brasil deixou de ser uma colônia infantil, sem rumo ou com rumo dado por outras
nações, para se transformar num país.
A cena final
do filme já mostra um governo dinâmico, liderado por guerreiros autênticos sem
preconceitos intelectuais ou de classe. E assim como no filme, o Mito governará
com o auxílio de seus filhos...
THE END
18 do 10 de 2018
Essa peça é uma homenagem ao
Mito, líder que guardou a decência do povo brasileiro desde as agruras da pseudo
redemocratização até o resgate da dignidade nas eleições de 2018.
Créditos a Holywood por produzir
uma saga mitológica em perfeito alinhamento temático temporal com o Brasil.
O autor é investidor empresarial
e ainda concursado no cargo de delegado federal estando vinculado a PF do Rio
de Janeiro. Especialista em psicologia analítica pela PUC-RJ, diplomado sob
monografia em mitologia familiar.
http://www.felipesfontes.blogspot.com.br/